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Este blog foi criado com o intuito de divulgar ideias e expandir limites.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os Fins Ocasionam os Meios

E porquê os justificariam? Uma vez que o "fim", neste contexto de "objetivo", nada mais é que uma utopia que nos motiva a seguir em frente.
Comparo à uma utopia devido ao fato de, mesmo que chegarmos ao "fim" desejado, este nunca será tão perfeito quanto o era em nosso imaginário.
Por mais que conquistemos todos os objetivos criados em vida, nunca estaremos em um estado de plenitude interna.

Até aqui, tudo bem, mas... sabendo disto, e aceitando tal ideia, não seria possível brincar com isto?
Quero dizer que tudo de bom que vivemos na vida são os meios, nunca os fins. Pois o fim para de ser bom no exato momento que se adquire a consciência de que se está imerso neste.
O que aconteceria, então, se taxássemos tudo como um objetivo, como um fim?
E não me refiro aqui a taxarmos de pequenos fins dentro de um fim maior, mas sim taxarmos tudo ao nosso redor, todas as possibilidades, como um grande e imenso fim, o qual sempre tenderemos a chegar, cada vez mais próximos, mas nunca chegaríamos?

Pois o quanto importa, aliás, chegarmos ao nosso objetivo? Isto nada mais é que uma ilusão necessária para que pensemos que temos que chegar lá, e assim vivermos plenamente enquanto buscamos algo apenas. Mas a consciência de que a nossa vida está imersa na busca, e não na linha de chegada, pode nos trazer algo muito mais importante, que é o conhecimento do que faz a nossa vida valer a pena.


Deste modo, poderíamos descartar os fins, os meios, e toda esta parafernália que seria necessária para vivermos plenamente, e aprendermos que toda a "fórmula mágica" na verdade está dentro de nós, mas que por ignorância só a utilizamos como força para buscar um fim cujo objetivo nada mais é que despertá-la... eis o ciclo vicioso que precisa ser quebrado, para podermos encontrar o verdadeiro caminho a trilhar, e não apenas trilhar um que se pareça com o que traçamos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lucidez

Este é apenas um desabafo de um dia tão estranho quanto o hoje está sendo.

Com certeza oq sinto neste momento não é algo que veio do nada, nem veio da constante prática consciente de algo.
Na verdade, provavelmente são frutos de inúmeros acontecimentos tão independentes quanto eles possam ser, que tem se manifestado, em minha percepção, de uma forma conjuntamente muito estranha.

O que quero dizer com "estranho" é uma série de acontecimentos coincidentemente anormais que me envolveram entre ontem de noite até o presente momento.
Coisas pequenas, como meu computador ter pifado simplesmente do nada, até coisas mais graves, como saúde e bem-estar da minha família. Tudo num pequeno intervalo de tempo, de algumas horas.
Isto me exigiu uma capacidade de ter que reagir alternativamente em diversas situações da minha vida. Acho que esta mudança brusca acabou por desencadear algo mais.

O que passei a sentir, na verdade, foi uma grande lucidez. Sempre pensei que a lucidez em si implica no bem-estar.
Mas a coisa não está acontecendo bem assim...

Primeiro, sinto como o universo é, na verdade, algo fluído. E em como, ao menos, eu, me prendi em cada situação como algo concreto, o que não é.
Na verdade, já tinha esta consciência de que tudo muda na vida. Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência sabe que não se pode contar com o que é certo.
Mas, ainda assim, eu costumava me prender às coisas, como uma forma de me normalizar perante a sociedade, focando numa rotina mas ao mesmo tempo visando a sua mudança.
Com isto, perdia cada vez mais a posição de liberdade em mim mesmo, visando uma libertação futura daquilo que é chamado de rotina.

A rotina, afinal, nem deveria possuir uma palavra. Pois ela não existe.
A liberdade mental não é a fuga da rotina. É simplesmente não se aplicar o seu conceito, em nenhum dos lados desta pseudo-moeda.


O que me dói, ao conseguir abstrair as coisas, é ver como elas vão de mal a pior.
Como as pessoas nem sabem o porque levam sua vida em frente.
É ver como elas se acovardam perante o injusto.
É ouvir como elas se imbecializam perante o discurso sério.

Eu me acovardei hoje também, em uma das situações estranhas.
E deixei de ajudar com simples palavras, por ter ficado como um idiota perplexo ao ver que ninguém ajudou também.
Fomos todos um bando de imbecis naquela situação em particular.

Fui, em si, um negligente, um covarde, só porque não conhecia a pessoa injustiçada.

E por quantas situações não os somos em nossas vidas, apenas por pensar "este problema não é meu"?
Quanto o mundo não deixou de ser um lugar melhor devido à negligência das pessoas?


Não é tão difícil assim mudar o mundo, mas ainda assim, deixamos de fazê-lo, mesmo quando fazemos lindos discursos em prol do próprio ideal.
Não são nossos discursos que movem o mundo. São nossas atitudes.

Quantas vezes não deixamos de melhorar as coisas por pura preguiça?


Pior que ficar preso na própria ignorância, é ficar preso na própria covardia.


Posso ter ficado louco, querendo que o certo fosse certo feito deste jeito.
Mas que outro desastroso pecado, senão a negligência do egoísmo, deveria ser retirado do mundo?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Política

O ambiente faz o pensamento. E esta praga de ambiente político brasileiro, na época de eleições, infelizmente, me fez pensar.

Em primeiro lugar, pensei o quanto a política nada mais é do que uma força exclusivamente burra. Não estou dizendo isto como ofensa ou por indignação (apesar de estar, sim, indignado com muitas coisas). É que, literalmente, a política é o contrário do intelecto.

Pois vejamos assim: o que é política? Não seria toda uma rede de trâmites, contatos, propaganda, força bruta e, principalmente, lábia e poder de persuasão, utilizado como meio para se chegar a um fim? Ou seja, a política é todo o meio para se chegar a um fim, que não se utilize da racionalidade das pessoas.

Pois procura conduzi-las pelo sentimento (medo, patriotismo, desejo de bem-estar), e usufrui destas características humanas para colocar o político no poder. Mesmo quando a política age pela verdade, acaba fantasiando a verdade como melhor ou pior, de modo a melhor coordenar o bando de gente para a direção que melhor agrade o líder.

O problema, em si, não está na política; a falta de racionalidade das pessoas até poderia ser utilizada por um ser ético, e coordenar a todos para uma situação melhor.
Mas a coisa fica feia quando o bando, em si, não se deixa perceber que está sendo coordenado pelo sentimento e deixa a razão de lado, em uma hora que esta última deveria governar.
Neste ponto, fica muito fácil para o político levar o povo para o caminho que ele quiser, pois a maioria segue sem se preocupar para onde está indo.

Eis o erro da democracia política. Critiquem-me o quanto quiser, mas uma democracia política não funciona em um país de ignorantes. Dá nisto: como a maior parte das pessoas não possuem conhecimento algum, acabam elegendo um palhaço (nunca imaginei q fosse dizer isto, mas, literalmente um palhaço) que leva 23 (VINTE-E-TRÊS) políticos a se candidatarem, estes sem nem ao menos se preocuparem em mostrar a fuça para o povo

Desculpem, mas acho a democracia política, em seu estado evolutivo atual, simplesmente ridícula! Como pode, por exemplo, o voto (ou OPINIÃO) de uma pessoa de 50 anos, que estudou política, educação, economia, história, direito, sociologia, geografia, e tenha doutorado em alguma destas áreas, valer exatamente a mesma coisa que o voto de um moleque de 20 anos que nem tenha terminado o ensino médio, que nem ao menos se dê ao trabalho de entender como funciona o sistema de votos que ele irá participar?

Minha sugestão, que já contei a diversos amigos (alguns concordam, outros não, naturalmente), é haver uma espécie de peso para o voto, baseado nos estudos, ou em alguma pontuação feita em algum exame nacional. Enfim, que seja este ou não o melhor caminho. Mas a coisa realmente não deveria ser como no parágrafo acima. É ridículo.

Outra coisa ridícula é um indivíduo que não possua nem ensino fundamental (não saiba nem o que é uma mitocôndria, muito menos uma constituição) consiga se candidatar a qualquer cargo. Acho que os candidatos deveriam passar por um grande teste, dificílimo, antes de serem permitidos a governarem algo. A constituição deveria ser refeita. Já é hora.

Por fim, este texto não serviu para nada mesmo. Nada muda se o povo não muda.
Seguem abaixo umas frasesinhas que fiz na inspiração destas patéticas semanas.

Política é toda força que não atua pela inteligência.

A aceleraçao tecnológica é positivamente correlacionada com a desaceleração política.

O mundo está cheio de imbecis, que ainda acreditam em papai noel, que julgam mas não sabem pensar, que sabem o que é certo mas ninguém tem coragem para fazer, contaminados pela pseudo-epidemia, mediocrizados na mesma rotina; ou são cegos, ou não querem ver.

E, como diria George Orwell: "Ignorância é Força". E força política.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Felicidade

Não pretendo neste post definir a felicidade. Acredito que cada um tenha seu próprio caminho a escolher, assim como sua própria egrégora que fará parte de sua vida.

Só queria discutir, ou iniciar uma discussão, à despeito do que li em um livro de dois neurocientistas com relevância no assunto. Trata-se de um capítulo sobre como a felicidade é formada no cérebro humano.

Um conceito que achei muito interessante, foi o de que todos nós temos uma determinada felicidade, moldada pela forma como encaramos as coisas em nossas vidas; é afirmado no livro que, por exemplo, após uma pessoa não-milionária ficar rica do dia para a noite (loteria, investimento certo, etc), seus níveis de felicidade (determinados por n fatores) aumentam... mas apenas no curto prazo! Claro que haveria para sempre muito menos tristeza na vida desta pessoa, sem preocupações com trabalho, contas, etc...

Mas no médio e longo prazo, todos nós tendemos a voltar a um ponto de equilíbrio de felicidade que é determinado pura e simplesmente pela nossa mente, pelo modo de como decidimos viver cada momento de nossas vidas.

Isto é válido para quem encontra um grande amor, ganha muito dinheiro, ou mesmo o contrário: perde a visão, perde entes próximos, etc.. Tudo sempre acaba voltando à normalidade que nós determinamos.

Mas se somos nós quem determinamos esta normalidade, então no longo prazo o nosso nível de felicidade, apesar de sofrer choques de curto prazo, pode ser pré-estabelecido por nada menos que nossa mente. Ou seja, independe das coisas exteriores, das pessoas com quem você convive, do seu trabalho, etc.. Acredito que estas externalidades à mente, são na verdade meras conseqüências produzidas pelo nosso interior. Nosso nível de felicidade determina as pessoas que temos mais facilidade de nos aproximar e aumentarmos a própria felicidade, por exemplo.

Comecei a experimentar isto. Em cada atitude que tenho que tomar, simplesmente decido que farei desta decisão (e de sua conseqüência) algo bom. E é incrível como isto funciona de maneira tão simples! De um momento para outro, ficou muito mais fácil fazer coisas úteis, mas antes cansativas - exercícios físicos, estudar, pegar um ônibus lotado... o segredo é se concentrar em deixar sua mente "limpa" da parte ruim da coisa, e se concentrar apenas e tão somente na parte boa - e há uma parte boa, caso contrário a decisão não teria sido tomada...

Enfim. É só isto. 
Apenas pense, quando se sentir infeliz, que é você mesmo que está optando por deixar de sentir felicidade. Deseje melhorar, sempre, e tenha noção do quanto uma situação é ou não ruim. Mas não deixe-a influenciar a ti mesmo pelos maus momentos, e nem faça de si mesmo dependente de externalidades. Você é o que há aí dentro, e nada mais.

E como já discuti em outro post, felicidade não é o único objetivo... 
mas é uma grande motivação!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quem é Você?

Quem é você?

Rockeiro pagodeiro gênio astronauta biólogo economista comunista esportista,
idiota doente inconseqüente imaturo,
patricinha playboyzinho pobre bêbado preto branco hippie, 
monstro religioso ateu curioso muçulmano oriental ocidental extraterrestre, 
intrauterino ameba prostituta psicóloga classicista,
neo-classicista modernista pós-modernista, 
pele-vermelha velho jovem, 
sábio aventureiro especulador, 
destruidor-de-lares altruísta viciado,
nerd vegetal ladrão zen,
assassino campeão marxista,
maconheiro noveleiro estrangeiro...


NÃO SOMOS NADA DO QUE DIZEM!!!

Limpemo-nos de todos os adjetivos a que somos fulminados diariamente.
Ninguém é nada daquilo que alguém classifica, cada um é um só, mistura de milhares de elementos que se desenvolvem de uma maneira ímpar em cada ser vivo.

Adjetivos só nos confundem, nos prendem e conduzem a não experimentarmos novos sabores, novos ódios e novos amores, ao "não faço aquilo porque sou isto" (mesmo que inconscientemente), levando à um pré-conceito completamente ignorante à real situação em si.

Pense no que pensam de você, e veja se concorda. Você não é nada disto, somos metamorfoses ambulantes que não culminam no objetivo de ser alguma coisa - mas sim de fazer alguma coisa.


Troque suas idéias, recicle, sem ter medo de si mesmo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Inconsciente Coletivo

Quero iniciar este post agradecendo ao Vinicius pela troca de ideia da sexta-feira, que me fez pensar "bacarái" no assunto deste...

Estávamos a discutir, dentre diversas outras coisas, sobre o porquê das pessoas agirem de determinada forma sem ter explicação alguma para fazer aquilo, no máximo dizendo "porquê é assim" ou "porquê todo mundo faz assim". Vou expôr mais ou menos o que pensamos, e agregar mais algumas coisitas que vim a pensar depois...
A questão é que o ser humano sempre está preso a fazer algumas coisas não só pelo costume, mas também pelas atitudes dos demais, quando inserido em alguma sociedade.
Na antigüidade, por exemplo, muitas das decisões inúteis eram tomadas com base na mitologia: se não houvesse um sacrifício todo o dia, a escuridão teria forças para dominar a luz e o sol não nasceria; quem entrasse em determinada caverna entraria no reino dos mortos, e portanto esta devia ser evitada; estes tipos de coisa.
Após isto, na Idade Média, começou-se a decidir com base na religião. O homem matava, morria, passava fome, trabalhava, escravizava, gastava tempo, em prol de uma religião que queria apenas se manter no controle da situação. Muito conhecimento foi retardado por ir contra a estabilização das igrejas e templos, e a maioria da população agia conforme fosse dito por uma entidade maior, sem reclamar disto, mas agia principalmente porquê todos agiam desta forma, e não havia outro caminho.

Aaaah os tempos de hoje!! Nada como poder abrir a janela num sábado ensolarado, e gritar aos prédios: "Sou Livre!!". Será mesmo?
Pensemos um pouco: antes do mercantilismo (que iniciou-se por volta de 1500) ninguém dava tanta importância ao consumo. Nenhum povo tinha o pensamento "trabalhar mais, para ganhar mais, para comprar mais". O consumo era uma necessidade da vida, e não a felicidade em si.
É isto o que hoje mais valorizamos no mundo de hoje; aquele que ganha mais dinheiro, e pode consumir mais, é "bem-sucedido", enquanto aquele hippie das montanhas é um "pobre fracassado".
De onde veio esta generalização, de que o trabalho enobrece a pessoa, e que, na verdade, é o dinheiro que importa? Pois a maior aspiração no geral de nossa sociedade atual é este: dinheiro. Porém, as pessoas ficam tão cegas com isto, que não são capazes de ver como no passado o dinheiro não possuía tamanha importância, e nem sequer era cogitado como objetivo de vida. É óbvio que todas as pessoas, no mundo de hoje, ficariam indignadas se o salário delas fosse menor daqui alguns anos do que o de hoje.

Mas porquê é tão importante assim o consumo? Será que é só isto o que temos? Tenho a singela impressão de que tudo o que vemos como objetivo é o consumo, exatamente como os religiosos do século XI viam deus como o objetivo supremo, e portanto gastavam suas vidas com isto. Pois hoje em dia, nada mais fazemos, senão trabalhar.
Pois trabalha-se para comprar mais coisas para ficar mais feliz e trabalhar melhor e comprar mais coisas, que muitas vezes são tão inúteis que precisam ser socadas mente-abaixo pela mídia para que obtenhamos desejo de consumi-las. E dá certo!

Bom, não é esta a discussão na qual quero entrar aqui. Isto é apenas um grande exemplo do chamado "Inconsciente Coletivo", que nos faz fazer algo, sem pensar em nossas reais vontades e necessidades, apenas porque todos os outros fazem igual. 
Assim, em vez de pensarmos por conta própria (o que geraria muito trabalho), apenas seguimos o que os outros fazem, pois pensa-se que se todos fazem, é porque deve ser o melhor a se fazer. Mas acontece que se todos pensarem assim, todos farão o que ninguém decidiu. É como quando estamos andando em um grupo, e cada pessoa está seguindo para onde o grupo está indo, mas não há ninguém guiando!

E pior: se um ser pensante se dá conta desta situação, facilmente ele pode manipular os seres não-pensantes, simplesmente colocando em suas mentes a ideia de que todos fazem de determinada forma, coordenando assim o rebanho para onde ele achar mais propício.

É por isso que eu digo, meus amigos: PENSEM!!! Não fiquem acomodados fazendo as coisas sem nenhuma expicação para isto. 
Por que todos nós (eu muitas vezes) deixamos as oportunidades passarem muitas vezes por deixar de fazer algo à toa.


Quer ver um grande exemplo do que fazemos, e eu realmente não entendo o porquê? 
Não há sentido nesta cultura que se criou de se pensar que é falta de educação ou inseguro falar qual é o seu salário aos colegas de trabalho. Pode perceber, nenhum de nós divulga esta informação. Eu mesmo, encontro grandes dificuldades em falar. Mas aí me pergunto porquê, e eis a resposta: porquê meus pais e a sociedade me ensinaram assim!! Só isto!! Nenhuma resposta lógica!!
Na verdade, pelo contrário. Os chefes normalmente incentivam-nos a não dizermos o salário aos companheiros de equipe, de modo que não haja comparações, e que funcionários que são mal-remunerados sem perceber não reivindiquem salários melhores. E normalmente até os chefes são vítimas do inconsciente coletivo neste ponto, a não ser os grandes milionários, que perceberam como manipular este e alguns outros pontos.


Vamos lá, pensem comigo, tentem achar um único problema em dizer o seu salário a colegas de trabalho. Não é inseguro, uma vez que seu colega, por ser trabalhador, não irá arrombar sua casa para roubar. Também não é falta de educação. Imagine que um colega que faz o mesmo trabalho que você, te diga que ganha o dobro que você ganha. O que você faria? Provavelmente ficaria indignado, por saber a real situação que a empresa lhe omitiu. Isto seria uma falta de educação da empresa, e não do seu colega de trabalho. Mas é vantajoso para alguns que não nos sintamos indignados, por isso a cultura imposta de que não podemos divulgar nossos salários.


Neste e em milhares de outros exemplos podemos encontrar o problema do Inconsciente Coletivo. Ele é, sim, o formador da cultura dos povos, dos costumes. Porém, o problema se dá quando tais costumes atrapalham as vidas das pessoas, aprisionando-as a objetivos de outros seres que se aproveitam da situação.




Sejamos nós mesmos. Não deixemo-nos coletivizar pelo sonho de outrém.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Objetivo

Velha pergunta: qual o objetivo da vida?

Minha velha resposta, proveniente de Sartre: o objetivo da vida, em si, nada mais é do que aquilo que traçamos para nós mesmos, individualmente, pois o ser humano é o único ser vivo conhecidamente capaz de traçar uma meta que não seja apenas sobreviver e procriar.

Já citei esta resposta diversas vezes nos meus próprios posts anteriores. Mas vou deixar de contornar a situação, quase que com uma desculpa para não me aprofundar no assunto, e finalmente nadar em minha mente em busca do meu sentido da coisa, que foge ao nosso colega Sartre.


Tentemos enxergar: o que nos motiva a viver? Porquê continuar vivo, tentando melhorar em diversas áreas, se ao final toda matéria do universo se acelerará tanto que viraremos simplesmente energia - nós e todos os efeitos que deixamos no mundo - e dará na mesma morrermos de um jeito ou de outro, tendo feito coisas ou não?

Oras, a resposta parece simples: felicidade! Sim, pois se do pó viemos e ao pó voltaremos, temos que aproveitar todo este "intervalo" e fazer com que nossos sentimentos sejam os mais felizes o possível, pois é eminente a certeza de que a felicidade é boa.

Sim, é boa. Mas não é tudo que temos. Pense em quantos já não se sacrificaram e sofreram em prol de um ideal que nem ao menos fosse chegar aos sentidos de si mesmo. Ou fizeram o mesmo em prol do amor, ou por questões religiosas, ou simplesmente para obter mais conhecimento - em todos os casos, abdicando muitas vezes da felicidade.

Assim, deduzo que logicamente felicidade não é o objetivo máximo da vida, já que abdicamos dela em muitas ocasiões, que certamente nem ao menos culminarão em mais felicidade pela frente. Simplesmente abdicamos.

Creio que cada indivíduo tende a achar cada vez mais caminhos a seguir pela vida. O primeiro deles, obviamente, é a felicidade, pois fica claro desde o momento que nascemos o quanto é bom a emissão interna de hormônios que a trazem. É simplesmente maravilhoso.

Mas chega uma hora na vida, em que há para alguns necessidades extras. Completar um ideal, fazer feliz uma outra pessoa (mesmo que abrindo mão de sua felicidade), se dedicando a alguma entidade mística ou divina, buscar conhecimento externo ou interno, ou até mesmo algum hábito doentio, como os denominados "toques" por exemplo (não pisar em riscos no chão, girar a fechadura sempre 3 vezes, etc).

Enfim, cada um acrescenta novos objetivos à sua vida, em determinados momentos. Há uns 3 anos, eu acreditava cegamente que a única coisa que eu deveria maximizar em minha vida era a felicidade. Mas então, encontrei o quanto gosto do conhecimento. Neste instante, fiquei realmente perplexo, como algo que não me trazia a felicidade em si, de maneira direta, poderia me fazer "gastar" a vida com tanto afinco. A partir de então, fiquei convencido de que existiam estes dois objetivos na vida de todos os seres humanos.

Mas foi aí que me surgiu um terceiro - o de autoentendimento e dominação de mim mesmo. Como perco momentos felizes ou de conhecimento, para ficar apenas tentando me entender! Foi aí que percebi: objetivos não são listáveis, são infinitos. E nunca se imagina o próximo objetivo que há de vir para nossas vidas.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Razão e Sentimento

O que é viver? Não seria todo o tipo de reação química que nosso organismo sintetiza, e o nosso cérebro abstrai, através dos sentidos? Ou ainda - para quem acredita - sentir as energias positivas e negativas, ou vivenciar um sentimento ocasionado pela alma?

Primeira conclusão: viver é sentir.

Sendo assim, não é uma coisa ridícula medirmos uma vida simplesmente pelo seu tempo de duração? "Coitado, era tão jovem...", "Poxa, mas também, estava tão velhinha...".
Afinal, se viver é sentir, logo uma pessoa que sentiu mais coisas viveu mais, enquanto outra que sentiu menos viveu menos. Vamos desatrelar o passado, presente e futuro do verbo viver.


Pensemos em duas vidas: 
A primeira dura cem anos, que nela tenha-se apenas estudado, trabalhado, ficado podre de rico... porém nunca tenha caído, ralado os joelhos, se apaixonado, se magoado, ou seja, tenha sido uma pessoa vazia de sentimentos. 
A outra, dura apenas trinta anos. Mas nestes trinta anos, tenha-se amado muito, praticado esportes, se machucado, aprendido com os erros muitas vezes....

Bom, pessoalmente eu escolheria com toda certeza viver a segunda opção.
Acredito, de verdade, que ter um sentimento bom, ou mesmo ruim (mágoa, culpa, vergonha, dor, etc.) é ainda muito melhor do que estar vazio de sentimentos, totalmente frio: sem vida.

Não é a toa que o maior número de suicídios ocorrem com pessoas que não possuem mais uma meta na vida, e não por pessoas que tem uma vida extremamente ruim, com muita dor e sofrimento. Um dos países campeões em suicídios é a Suíça. A Suíça também é campeã em desenvolvimento humano, qualidade de vida, entre outros. Tem até robozinhos que varrem as calçadas. Mas também não há muitas festas na Suíça.
Acontece que em um mundo sem problemas, sem dificuldades, sem motivos para fazer diferente... a rotina acaba dominando, desintegrando sonhos e motivações de melhorias.
Precisamos sentir o mundo, ou deixaremos de viver.


Certo certo, mas se tudo o que importa na vida é sentir, onde há espaço para a razão?
A resposta que encontrei é condizente com o que foi dito acima: se viver é sentir, então se queremos viver mais, devemos sentir mais. Para maximizar o sentimento (perdoem o jargão econômico rs), devemos sentir com a maior intensidade possível, durante o maior tempo possível. Aí sim entramos com a variável tempo. É muito melhor viver uma vida "bem-sentida" por 50 anos, do que uma vida "muito-bem-sentida" por 10 anos, pois no primeiro caso, no final teríamos um somatório de sentimentos muito maior do que o que foi vivido no segundo caso (a não ser que a vida "muito-bem-sentida" seja 5 vezes mais intensa do que a "bem-sentida", o que é bem pouco provável). Perdoem-me o utilitarismo.

Então, o que devemos fazer para não exagerarmos na dose, e acabarmos literalmente morrendo, ou pior, sendo moldados pela vida a sermos pessoas frias e condenadas a morte não-literal? A palavra é moderação e equilíbrio. E esta só pode ser encontrada nas tomadas de decisões.
É aí que a razão, o conhecimento e a sabedoria entram. Devemos sim arriscar e ser loucos para podermos sentir mais, mas até que ponto isto não nos inibirá os sentimentos que ainda virão com o tempo?
Uma pessoa que vive intensamente, pode ser dominada por esta intensidade, correr com o carro em uma auto-estrada e morrer, aos 20 anos. Pronto, lá se foram 80 anos repletos de sentimentos. Se ela abrisse mão deste pequeno sentimento de adrenalina, certamente teria muitos outros pela frente. E todos conhecem dezenas de outros exemplos que podem ser citados de imprudência, que nada mais é que o sentimento sem a razão. Por isto, não devemos tomar apenas a intensidade como meta da vida, pois assim nos tornaríamos epicureus.

Sem contar, é claro, o sentimento de orgulho e satisfação que o conhecimento, fruto da razão, nos proporciona. 
A alguns mais e a outros talvez menos, é verdade. 

Assim, ao contrário do que muitos pensam, sentimento e racionalidade não são opostos; eles se completam, de modo a proporcionar a maximização da vida.

domingo, 30 de maio de 2010

Julgamento

Imaginemos uma pessoa, que nasceu e cresceu em meio a péssimas condições sociais, cujo pai chegava bêbado em casa e surrava sua família, na qual todos eram obrigados a trabalhar e por isto não teve condições de freqüentar uma boa escola, nem obter um emprego digno. Aos 20 anos, esta pessoa estava roubando, até mesmo matando, cometendo crimes dados como injustos e sem justificativa.
É óbvio, que sempre terão aqueles tentarão mensurar o quão a vida da pessoa justifica suas atitudes, e qual é a parcela de injustiça originada pela própria mente da pessoa.

Mas espera aí!! Como algo originado pela mente da pessoa não pode estar correlacionado com todo o seu passado, todas as suas memórias? Afinal, nossas atitudes e pensamentos não são mais do que induções de nossos pensamentos anteriores, que se baseiam pura e totalmente em memórias (desde os nossos sentidos primordiais, até as lembranças em si)?

Então, como podemos julgar esta pessoa que cometeu crimes, uma vez que seus crimes nada mais são do que frutos da realidade em que ela vive, ou seja, sua progenitora de memórias?

Analogamente, se torna deste modo impossível se julgar qualquer pessoa na sociedade, seja este julgamento bom ou mal.

Pois pensemos em mais um exemplo: um julgamento quase unanimizado por todos os povos contemporâneos, é o de que políticos não prestam. Mas será que se você, por exemplo, tivesse nascido e vivido nos mesmos ambientes, com os mesmos pais, com o mesmo cérebro e aparência, de um político necessariamente corrupto, não teria tomado as mesmas atitudes deste político, idênticas, já que a sua vida teria se originado e se seguido da mesma maneira?
Ou que se péssimos políticos, como Sadam Hussein ou George Bush, tivessem nascido no corpo de Madre Teresa, não teriam sido, pelas circuntâncias da vida, uma pessoa benevolente e cristã, dizendo as mesmas palavras e vivendo da mesma forma que ela?



Apresento aqui o que concluo dos raciocínios supracitados: a humanidade nunca conseguiu e nunca conseguirá aplicar leis que punam ou beneficiem de maneira correta todos os indivíduos. Pois isto é impossível, uma vez que nascemos todos da mesma forma, e portanto somos todos iguais; as circunstâncias em nossas vidas são o que moldam nossas atitudes e pensamentos.


Sendo assim, é inegável que o sistema de leis e regras nada mais é que algo que tenta controlar uma sociedade, visando o seu benefício objetivo (que depende do tipo de sociedade). Acredito ser totalmente hipócrita a aplicação do termo "justiça" sobre o indivíduo. E é claro que um conjunto de leis e regras é extremamente necessário a qualquer tipo de sociedade, da familiar à governamental; porém, tenho como errôneo o pensamento de que as leis são capazes de moldar o homem; elas punem, quem molda é a sociedade em si.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sensorial

Cinco são os sentidos básicos dos seres humanos. São os clássicos:
- Tato, pelos terminais nervosos
- Olfato, pela pituitária
- Audição, pela cóclea
- Paladar, pelas papilas gustativas
- Visão, pela retina

Porém, reflitamos um pouco sobre a evolução, e as demais espécies.
As primeiras formas de vida não possuíam estes sentidos.
Na verdade, a maior parte da biodiversidade não possui exatamente estes sentidos.
A formiga, por exemplo, não possui audição, e nem sente dor. Em contrapartida, ela se comunica e possui seus sentimentos ligados à captação de feromônios - sensorial que nós, seres humanos, temos se não ausente, um tanto atrofiado. Apenas como curiosidade, este inseto também vê o tempo se acelerar, conforme cai a temperatura, e demorar a passar, conforme aumenta a temperatura. Isto ocorre devido ao fato dela não conseguir regular as temperaturas em seu organismo, e com a temperatura mais elevada, seu sangue se expande e a pressão faz com que circule muito mais rapidamente, fazendo "com que a vida passe mais rápida" diante de seus outros sentidos.
Isto prova o quão distantes somos de tantos outros seres, devido a vivermos "presos" em nossas próprias dimensões, e eles nas deles.


Sem mais firulas, peguemos como exemplo uma das mais impressionantes manifestações da evolução: o olho. Como toda evolução natural, o olho começou como uma anomalia. Certo dia, por um erro das duplicações genéticas, um verme nasceu com um órgão hipersensível à luz. Isto lhe deu uma capacidade de sobreviver muito melhor do que os seus semelhantes, pois possuía a capacidade de sentir a presença da luz, de modo a utilizar tal vantagem para escolher onde melhor se esconder, abrigar, etc. Assim, se reproduziu, e alguns de sua nova prole possuíam a mesma anomalia, se desenvolvendo melhor que os demais, e expandindo a espécie. Após milhões e milhões de anos, mais anomalias foram surgindo, paulatinamente, até que algum ser começou a ver alguma cor, depois outro começou a ver outra, sempre por meio de anomalias. O próprio olho humano é ainda incapaz de enxergar a maioria das cores (temos apenas sensores para luz azul, vermelha e verde).

E foi assim também que todos os outros sentidos dos animais se desenvolveram.

Quero aqui fazer uma analogia: é óbvio que não se pode imaginar um sentido que não se possui.
Por exemplo, uma pessoa que nasceu surda não tem a mínima noção do que é o barulho. E também não possui a capacidade de imaginá-lo. Isto porque seu cérebro não possui as experiências cognitivas da ação de ouvir.
Da mesma forma que um ser humano comum não é capaz sequer de imaginar o que é a cor ultravioleta - aquilo que mostram na TV as vezes como sendo "raios ultravioletas" na verdade são colocados como se fosse violeta. Se mostrassem raios ultravioletas de verdade, não conseguiríamos enxergar, naturalmente. Como nossa freqüência de visão atua entre o vermelho e o violeta, não podemos enxergar as cores Infravermelhas nem as Ultravioletas.
Agora, tente imaginar como é uma cor que você nunca viu. Vá em frente, tente.


Conseguiu? É impossível.


Partindo desta analogia, podemos ter em mente o seguinte: um sentido ainda não desenvolvido é inimaginável. Se a espécie humana não tivesse herdado os olhos da evolução, não teríamos a mínima idéia do que são cores. No máximo, as trataríamos como ondas de freqüência e energia, sem nenhuma particularidade.


Mas, ao mesmo tempo, como foi observado na história da evolução, vira e mexe aparece uma anomalia - um dom - em um ser vivo, que nenhum dos demais podem imaginar como é possuí-lo. Mas me pergunto: sendo provável este acontecimento, como nossa sociedade o distingüiria? Digamos que alguém possa sentir o mundo de uma forma a mais do que nós sentimos (não posso citar exemplos; como disse, a nós seria inimaginável qualquer uma destas formas). Que detenha um novo sentido. Será que tal pessoa saberia disto? Ou será que seria reprimida, de modo a acreditar que é mais uma pessoa comum?
Sendo que nossa sociedade obviamente se desenvolveu conforme nossos sentidos, como esta pessoa utilizaria este novo dom?
Difícil questionar o inimaginável.


Porém, há aqui um fato que não se exalta em livros escolares - exceto, talvez em alguns cursos superiores. Na verdade, o ser humano possui mais um sentido. É o sentido de equilíbrio, ou propriocepção. Sem ele, não teríamos noção do espaço e não conseguiríamos ficar em pé; é um sentido primário de quase todo ser vivo, assim como o tato.


Mas o que mais me intrigou e motivou a escrever este post, foi um pensamento que tive ao analisar a diferença do ser humano para os outros seres. Sempre considerei que temos muitos sentimentos e pensamentos da mesma forma que muitos outros animais. Mas também não me convenci de que somos totalmente iguais aos demais mamíferos. Afinal, como disse Sartre, o que nos difere dos outros animais, primeiramente, é que somos os únicos cuja existência em si não fornece nenhum sentido pré-determinado. "O homem é aquilo que faz de si mesmo", adoro esta frase.


Então, pensando um pouco mais, acredito que tenhamos uma noção a mais, um sentido se assim podemos chamá-la, que aqui determino: o de autoexistência. Pois somos, acredito, os únicos animais capazes de perceber o fato de que existimos, e nos questionar sobre isto. Um cão, um golfinho, uma ameba, não posso dizer com certeza mas, acho eu - e se não o for, que seja, deixe outro animal possuir o mesmo sentido que nós - não param para se perguntar o porquê fazer aquilo, do porquê existir. Mas nós podemos compreender o fato de estarmos aqui, vivos, e de jogar com isto - o que alguns chamam de filosofar. Eis aí o sentido que para mim é dominante na evolução da espécie humana.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Censura

Se começar a ler este texto, chegue até o final. E siga a instrução após isto.
Espero mesmo que tenha seguido rs.

Deu-me trabalho, mas enfim consegui sintetizar abaixo no que acredito.
E agora finalmente estou livre para te contar.  =]
É interessante observar a exagerada relevância que é dada às críticas,
ainda assim quem me conhece sabe que eu as levanto o tempo todo, pois é -
se comparado ao mundo em que vivemos (que tanto tem melhorado seus métodos
em nos entreter e emburrecer, de nos calar e privar o conhecimento,
de convivermos acomodados sem fazer nenhum sacrifício como antigamente),
- o que mais poderia chamar a atenção das mentes adormecidas,
mesmo diante deste governo corrupto - que, afinal
, dizer que é completamente totalitário e manipulador
não parece, sejamos francos, tão errado assim.

Assim sendo, eu aqui declaro que várias de minhas minhas críticas foram
adotadas, verdade seja dita, para tentar libertar os outros das condições
absurdas, impostas talvez por mentes perversas, que sempre visaram
apenas esconder os problemas das pessoas de si mesmas, tentando
manipular-nos através de palavras completamente desnexas e mentirosas,
os gostos, desejos e cada vez fechando as mentes de mais e mais pessoas,
pelas quais não desisti de lutar tão facilmente.

Sim, é isto mesmo! Estou aqui declarando, a plenas digitadas,
que por mais que eu pareça chato e arrogante, só tento fazer os outros verem
os erros e falta de bom-senso, os quais qualquer um pode se deixar levar.
E por mais que me ignorem e achem ridículo, continuo lutando pela liberdade!

Comecemos então pela mídia! Como pode esta perfeita
máquina de manipulação em massa - que faz as pessoas verem a vida como uma
maravilha colorida, que nos tira da cabeça toda a necessidade de lutar,
- conseguiu, ao longo dos anos, o poder de concretizar falsas verdades,
fazer tão mal à sociedade quanto dizem as piores péssimas? Afinal,
o grande fator, primeiramente, é que ela conseguiu fazer-nos acreditar que
a sociedade DEPENDE das notícias, depende de alguém que controle
a si mesma, gerou uma nação de incapazes, cujos sonhos se limitam a manter
a vida cujo objetivo máximo seja o de ganhar dinheiro e constituir família.
A partir disto, paramos de pesquisar, ler, e aceitamos tudo o que nos é dado pela
Televisão, objeto de consumo que predomina em todas as residências, e
que nos mantém "contentes" e indispostos a buscar a verdade por detrás do que 
nos mostra as novelas todo o dia, que são tão reais quanto
o diretor da novela pode ser em sua própria pequenez,
muitas vezes, no fundo, uma menininha que simplesmente precisa de maquiagem.

Também há o tal do livre-arbítrio, que deveria ser visto como
o direito primordial que dite as leis e regras (desde que não afete o próximo) e não
um absurdo que necessita ser regido e controlado ao máximo pelas leis.
As pessoas deveriam poder fazer o que quiser, se não atrapalha a sociedade.
O nosso governo, ao controlar jogos-de-azar, prostituição e drogas,
nada mais está fazendo do que tirando a nossa liberdade de escolha,
indica o certo e o errado para as pessoas. Pois
como pode haver um certo e um errado para todos? E se alguém gosta de
fazer sexo para fins de diversão pura, se drogar, se divertir com banalidades,
oras, que faça!! Não faz mal à ninguém, e a proibição
é o que gera a repreensão das pessoas, e conseqüentemente a violência!

O que acontece na nossa sociedade contemporânea é que os indivíduos
se autodelimitam desde pequenos, de modo a não poder enxergar os diversos lados
que são tão amplos, sábios e bons, podem ser levados à confusão
sim, se deixados à mercê de uma superfreqüência de marketing tão renegada
em livros, teatros, cultura, jornais, etc. E é isto o que cria a perfeita
combinação entre falta + manipulação de informação, na
ilusão de que a sociedade em que vivemos é
perfeita, enquanto que na verdade ela é ainda pútrida e
tão repugnante quanto alguns dizem ser.

Afinal, seria a omissão da informação tão ruim assim?
A censura de poucas frases (metade, no caso), pode gerar o entendimento arbitrário. 
Como nesta brincadeira que fiz com vocês.
ATENÇÃO: agora que você já "terminou", vá com sua seta do mouse até a primeira palavra, clique, e arraste o mouse até este ponto. Releia.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Filosofia do peru

Este texto não é meu. Foi escrito por Tobias Barreto (1839-1889).

"Filosofia do Peru

O leitor não se ria, o negócio é grave. É um pedaço de psicologia humana, estudada na crista do mais estúpido dos vertebrados, como - quero crer que injustamente - costumam qualificar o pobre do peru. Pode ser - e eu não dissimulo - que o título deste artigo seja só talhado para produzir impressão cômica. Mas nem sempre o cômico é antinômico do sério.
Plutarco disse uma vez:
'Não se pode exercer a retórica sem falar, porém exerce-se a filosofia mesmo pelo silêncio, ou pelo gracejo; porquanto, assim como o mais alto grau da injustiça é não ser justo, e todavia parecê-lo, assim também a continuação da ciência consiste em filosofar sem dar indícios de tal, e de semblante alegre fazer o mesmo que fazem os mais sérios'.
A isto acrescenta Emerson:
'A compreensão para o cômico é um laço de simpatia com os outros homens, uma garantia de saúde espiritual e um meio de proteção contra aquelas inclinações perversas e aquele estado de melancolia em que se perdem muitas vezes os mais nobres espíritos. Um tratante que é sensível ao ridículo pode ainda ser convertido. se porém já perdeu esse sentido, não há mais nada a fazer dele'.
Admitindo pois que o leitor, em vez de mover os músculos da sisudez, mova os músculos do riso, nem por isso dou por frustrado o meu trabalho. Há tempos de filosofar pelo silêncio, e outros pelo gracejo - as duas formas de filosofia que me são mais acessíveis; mesmo porque não gosto dos tempos de chorar - tempus flendi, como diz o Eclesiastes - ou de filosofar pelas lágrimas.
Entretanto, é bom que se note: não quero rir-me, nem fazer os outros rirem, à custa do peru. Este animal, tão malsinado de estupidez, que serve de termo de comparação dos espíritos sem talento e dos amantes sem ventura, despertou-me a simpatia, e isto em tão larga escala, que deu-me assunto para um estudo.
Se eu entitulasse o meu artigo 'História natural do peru', ou 'Anatomia do peru', nada por certo haveria de extraordinário; por que razão haverá com o título que lhe dei? Tudo que tem uma fisiologia, uma anatomia, uma história natural, pode ter também uma filosofia.
E não conheço realmente um exemplar do mundo zoológico mais adaptado a servir de base a todo um sistema de considerações filosóficas do que o amável dindon ["peru", em francês]. Prová-lo-emos.
A primeira vez que o peru me fez pensar, foi também a primeira vez que me chamaram a atenção para uma das suas maiores singularidades. Eu já sabia que o animal era dotado de um natural desazo, que se manifesta em mais de um ponto. Mas não sabia que esse desazo chegasse a uma altura capaz de causar meditação.
É a célebre história do risco [na parede]. Todos conhecem-na. Quem já não deu risada diante do espetáculo fornecido pela estolidez da pobre ave? Refiro-me ao fato geralmente observado de levar-se o bico do peru contra uma parede branca, onde se traça um risco preto, que ele toma por um vínculo - e aí se deixa ficar, contrito e humilhado, até segunda ordem!...
Confesso que também cometi o desatino de rir-me. Mas pouco a pouco, e à medida que o fato, pela repetição, foi diminuindo a possibilidade de um engano, e tomando proporções de séria realidade, eu também tornei-me sério. Por detrás daquele quadro simples e chulo, vi levantar-se uma questão sombria. Eu pergunto a mim mesmo: haverá realmente motivo de zombar-se do peru? Temos nós outros, homens que nos orgulhamos da nossa posição hierárquica no desenvolvimento morfológico e fisiológico das espécies, razão bastante para desdenharmos daquele bruto, que supõe-se preso e subjugado pelo traço negro da parede? Quem pode afirmá-lo?...
A minha negativa é categórica. Todos os sistemas de crenças, esperanças e ameaças que formam o fundo das religiões, os terrores do inferno, as perspectivas do céu, em uma palavra, todos os móveis hipersensíveis que circunscrevem os ímpetos do espírito humano, não serão tantos outros riscos [na parede] a que ele se deixa prender como se fossem vínculos de ferro? A humanidade, que há séculos e séculos acredita numas coisas incompreensíveis, e não tenta sequer conceber um meio de romper com essa crença, não fará também, aos olhos de quem lhas infiltrou, de quem ainda hoje lhas mantém - obscuras, misteriosas, indiscutíveis - , um papel de peru, ou antes de perua, para falar com mais congruência gramatical?
O próprio dever, de que tanto se fabula, quando não é construído pelo homem mesmo, que nele adora a obra de suas mãos - todo o conjunto de ideais, de falsos ideais, que condenam o homem à inação, ou à ação motivada somente por princípios estranhos à natureza humana -, será decerto alguma coisa mais do que riscos na parede?
Limito-me a perguntar.
Estas perguntas, porém, encerram problemas, que o demônio da filosofia me convida, se não a resolver, ao menos a estudar. É preciso, perante a opinião pública, reabilitar o peru, que não é tão bobo como se supõe. Ou  o peru é um idealista, ou o homem também é um peru. Todos os sonhos de ventura, tudo que se imagina, que aparece além, como capaz de conter-nos e subjugar-nos, está nas condições da tese fourierista: Il sérait bien beureux que cela fût vrai, mais qui le prouve? Ce qui le prouve, c'est qu'il sérait bien beureux que cela fût. Porém isto não é, não equivale a um risco [na parede]?
Ah! Se o peru pudesse falar!...
[...]
Que é um mártir? O que morre por uma idéia. E que é uma idéia? Uma coisa bela e grandiosa. Vá que seja. Mas há mártires do céu e mártires do inferno; se não aqueles, ao menos estes, que também têm a sua idéia, julgam-se presos pelo traço negro do dever, que lhes foi incutido; o peruísmo é evidente. Mas, se os outros afinal também cedem a uma ilusão, que vêm a ser todos eles?...
[...]
Por exemplo: enquanto os povos acreditavam no direito divino dos reis, que era que importava essa crença?... Mas veio a revolução, e quebrou o laço fantástico.
[...]
Efeitos do progresso, que vai desaperuando os pobres filhos de Adão. Não obstante, ainda existem muitos riscos [na parede], que é preciso apagar. Indicá-los, porém, já é prestar algum serviço.
[...]"