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Este blog foi criado com o intuito de divulgar ideias e expandir limites.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Censura

Se começar a ler este texto, chegue até o final. E siga a instrução após isto.
Espero mesmo que tenha seguido rs.

Deu-me trabalho, mas enfim consegui sintetizar abaixo no que acredito.
E agora finalmente estou livre para te contar.  =]
É interessante observar a exagerada relevância que é dada às críticas,
ainda assim quem me conhece sabe que eu as levanto o tempo todo, pois é -
se comparado ao mundo em que vivemos (que tanto tem melhorado seus métodos
em nos entreter e emburrecer, de nos calar e privar o conhecimento,
de convivermos acomodados sem fazer nenhum sacrifício como antigamente),
- o que mais poderia chamar a atenção das mentes adormecidas,
mesmo diante deste governo corrupto - que, afinal
, dizer que é completamente totalitário e manipulador
não parece, sejamos francos, tão errado assim.

Assim sendo, eu aqui declaro que várias de minhas minhas críticas foram
adotadas, verdade seja dita, para tentar libertar os outros das condições
absurdas, impostas talvez por mentes perversas, que sempre visaram
apenas esconder os problemas das pessoas de si mesmas, tentando
manipular-nos através de palavras completamente desnexas e mentirosas,
os gostos, desejos e cada vez fechando as mentes de mais e mais pessoas,
pelas quais não desisti de lutar tão facilmente.

Sim, é isto mesmo! Estou aqui declarando, a plenas digitadas,
que por mais que eu pareça chato e arrogante, só tento fazer os outros verem
os erros e falta de bom-senso, os quais qualquer um pode se deixar levar.
E por mais que me ignorem e achem ridículo, continuo lutando pela liberdade!

Comecemos então pela mídia! Como pode esta perfeita
máquina de manipulação em massa - que faz as pessoas verem a vida como uma
maravilha colorida, que nos tira da cabeça toda a necessidade de lutar,
- conseguiu, ao longo dos anos, o poder de concretizar falsas verdades,
fazer tão mal à sociedade quanto dizem as piores péssimas? Afinal,
o grande fator, primeiramente, é que ela conseguiu fazer-nos acreditar que
a sociedade DEPENDE das notícias, depende de alguém que controle
a si mesma, gerou uma nação de incapazes, cujos sonhos se limitam a manter
a vida cujo objetivo máximo seja o de ganhar dinheiro e constituir família.
A partir disto, paramos de pesquisar, ler, e aceitamos tudo o que nos é dado pela
Televisão, objeto de consumo que predomina em todas as residências, e
que nos mantém "contentes" e indispostos a buscar a verdade por detrás do que 
nos mostra as novelas todo o dia, que são tão reais quanto
o diretor da novela pode ser em sua própria pequenez,
muitas vezes, no fundo, uma menininha que simplesmente precisa de maquiagem.

Também há o tal do livre-arbítrio, que deveria ser visto como
o direito primordial que dite as leis e regras (desde que não afete o próximo) e não
um absurdo que necessita ser regido e controlado ao máximo pelas leis.
As pessoas deveriam poder fazer o que quiser, se não atrapalha a sociedade.
O nosso governo, ao controlar jogos-de-azar, prostituição e drogas,
nada mais está fazendo do que tirando a nossa liberdade de escolha,
indica o certo e o errado para as pessoas. Pois
como pode haver um certo e um errado para todos? E se alguém gosta de
fazer sexo para fins de diversão pura, se drogar, se divertir com banalidades,
oras, que faça!! Não faz mal à ninguém, e a proibição
é o que gera a repreensão das pessoas, e conseqüentemente a violência!

O que acontece na nossa sociedade contemporânea é que os indivíduos
se autodelimitam desde pequenos, de modo a não poder enxergar os diversos lados
que são tão amplos, sábios e bons, podem ser levados à confusão
sim, se deixados à mercê de uma superfreqüência de marketing tão renegada
em livros, teatros, cultura, jornais, etc. E é isto o que cria a perfeita
combinação entre falta + manipulação de informação, na
ilusão de que a sociedade em que vivemos é
perfeita, enquanto que na verdade ela é ainda pútrida e
tão repugnante quanto alguns dizem ser.

Afinal, seria a omissão da informação tão ruim assim?
A censura de poucas frases (metade, no caso), pode gerar o entendimento arbitrário. 
Como nesta brincadeira que fiz com vocês.
ATENÇÃO: agora que você já "terminou", vá com sua seta do mouse até a primeira palavra, clique, e arraste o mouse até este ponto. Releia.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Filosofia do peru

Este texto não é meu. Foi escrito por Tobias Barreto (1839-1889).

"Filosofia do Peru

O leitor não se ria, o negócio é grave. É um pedaço de psicologia humana, estudada na crista do mais estúpido dos vertebrados, como - quero crer que injustamente - costumam qualificar o pobre do peru. Pode ser - e eu não dissimulo - que o título deste artigo seja só talhado para produzir impressão cômica. Mas nem sempre o cômico é antinômico do sério.
Plutarco disse uma vez:
'Não se pode exercer a retórica sem falar, porém exerce-se a filosofia mesmo pelo silêncio, ou pelo gracejo; porquanto, assim como o mais alto grau da injustiça é não ser justo, e todavia parecê-lo, assim também a continuação da ciência consiste em filosofar sem dar indícios de tal, e de semblante alegre fazer o mesmo que fazem os mais sérios'.
A isto acrescenta Emerson:
'A compreensão para o cômico é um laço de simpatia com os outros homens, uma garantia de saúde espiritual e um meio de proteção contra aquelas inclinações perversas e aquele estado de melancolia em que se perdem muitas vezes os mais nobres espíritos. Um tratante que é sensível ao ridículo pode ainda ser convertido. se porém já perdeu esse sentido, não há mais nada a fazer dele'.
Admitindo pois que o leitor, em vez de mover os músculos da sisudez, mova os músculos do riso, nem por isso dou por frustrado o meu trabalho. Há tempos de filosofar pelo silêncio, e outros pelo gracejo - as duas formas de filosofia que me são mais acessíveis; mesmo porque não gosto dos tempos de chorar - tempus flendi, como diz o Eclesiastes - ou de filosofar pelas lágrimas.
Entretanto, é bom que se note: não quero rir-me, nem fazer os outros rirem, à custa do peru. Este animal, tão malsinado de estupidez, que serve de termo de comparação dos espíritos sem talento e dos amantes sem ventura, despertou-me a simpatia, e isto em tão larga escala, que deu-me assunto para um estudo.
Se eu entitulasse o meu artigo 'História natural do peru', ou 'Anatomia do peru', nada por certo haveria de extraordinário; por que razão haverá com o título que lhe dei? Tudo que tem uma fisiologia, uma anatomia, uma história natural, pode ter também uma filosofia.
E não conheço realmente um exemplar do mundo zoológico mais adaptado a servir de base a todo um sistema de considerações filosóficas do que o amável dindon ["peru", em francês]. Prová-lo-emos.
A primeira vez que o peru me fez pensar, foi também a primeira vez que me chamaram a atenção para uma das suas maiores singularidades. Eu já sabia que o animal era dotado de um natural desazo, que se manifesta em mais de um ponto. Mas não sabia que esse desazo chegasse a uma altura capaz de causar meditação.
É a célebre história do risco [na parede]. Todos conhecem-na. Quem já não deu risada diante do espetáculo fornecido pela estolidez da pobre ave? Refiro-me ao fato geralmente observado de levar-se o bico do peru contra uma parede branca, onde se traça um risco preto, que ele toma por um vínculo - e aí se deixa ficar, contrito e humilhado, até segunda ordem!...
Confesso que também cometi o desatino de rir-me. Mas pouco a pouco, e à medida que o fato, pela repetição, foi diminuindo a possibilidade de um engano, e tomando proporções de séria realidade, eu também tornei-me sério. Por detrás daquele quadro simples e chulo, vi levantar-se uma questão sombria. Eu pergunto a mim mesmo: haverá realmente motivo de zombar-se do peru? Temos nós outros, homens que nos orgulhamos da nossa posição hierárquica no desenvolvimento morfológico e fisiológico das espécies, razão bastante para desdenharmos daquele bruto, que supõe-se preso e subjugado pelo traço negro da parede? Quem pode afirmá-lo?...
A minha negativa é categórica. Todos os sistemas de crenças, esperanças e ameaças que formam o fundo das religiões, os terrores do inferno, as perspectivas do céu, em uma palavra, todos os móveis hipersensíveis que circunscrevem os ímpetos do espírito humano, não serão tantos outros riscos [na parede] a que ele se deixa prender como se fossem vínculos de ferro? A humanidade, que há séculos e séculos acredita numas coisas incompreensíveis, e não tenta sequer conceber um meio de romper com essa crença, não fará também, aos olhos de quem lhas infiltrou, de quem ainda hoje lhas mantém - obscuras, misteriosas, indiscutíveis - , um papel de peru, ou antes de perua, para falar com mais congruência gramatical?
O próprio dever, de que tanto se fabula, quando não é construído pelo homem mesmo, que nele adora a obra de suas mãos - todo o conjunto de ideais, de falsos ideais, que condenam o homem à inação, ou à ação motivada somente por princípios estranhos à natureza humana -, será decerto alguma coisa mais do que riscos na parede?
Limito-me a perguntar.
Estas perguntas, porém, encerram problemas, que o demônio da filosofia me convida, se não a resolver, ao menos a estudar. É preciso, perante a opinião pública, reabilitar o peru, que não é tão bobo como se supõe. Ou  o peru é um idealista, ou o homem também é um peru. Todos os sonhos de ventura, tudo que se imagina, que aparece além, como capaz de conter-nos e subjugar-nos, está nas condições da tese fourierista: Il sérait bien beureux que cela fût vrai, mais qui le prouve? Ce qui le prouve, c'est qu'il sérait bien beureux que cela fût. Porém isto não é, não equivale a um risco [na parede]?
Ah! Se o peru pudesse falar!...
[...]
Que é um mártir? O que morre por uma idéia. E que é uma idéia? Uma coisa bela e grandiosa. Vá que seja. Mas há mártires do céu e mártires do inferno; se não aqueles, ao menos estes, que também têm a sua idéia, julgam-se presos pelo traço negro do dever, que lhes foi incutido; o peruísmo é evidente. Mas, se os outros afinal também cedem a uma ilusão, que vêm a ser todos eles?...
[...]
Por exemplo: enquanto os povos acreditavam no direito divino dos reis, que era que importava essa crença?... Mas veio a revolução, e quebrou o laço fantástico.
[...]
Efeitos do progresso, que vai desaperuando os pobres filhos de Adão. Não obstante, ainda existem muitos riscos [na parede], que é preciso apagar. Indicá-los, porém, já é prestar algum serviço.
[...]"