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domingo, 30 de maio de 2010

Julgamento

Imaginemos uma pessoa, que nasceu e cresceu em meio a péssimas condições sociais, cujo pai chegava bêbado em casa e surrava sua família, na qual todos eram obrigados a trabalhar e por isto não teve condições de freqüentar uma boa escola, nem obter um emprego digno. Aos 20 anos, esta pessoa estava roubando, até mesmo matando, cometendo crimes dados como injustos e sem justificativa.
É óbvio, que sempre terão aqueles tentarão mensurar o quão a vida da pessoa justifica suas atitudes, e qual é a parcela de injustiça originada pela própria mente da pessoa.

Mas espera aí!! Como algo originado pela mente da pessoa não pode estar correlacionado com todo o seu passado, todas as suas memórias? Afinal, nossas atitudes e pensamentos não são mais do que induções de nossos pensamentos anteriores, que se baseiam pura e totalmente em memórias (desde os nossos sentidos primordiais, até as lembranças em si)?

Então, como podemos julgar esta pessoa que cometeu crimes, uma vez que seus crimes nada mais são do que frutos da realidade em que ela vive, ou seja, sua progenitora de memórias?

Analogamente, se torna deste modo impossível se julgar qualquer pessoa na sociedade, seja este julgamento bom ou mal.

Pois pensemos em mais um exemplo: um julgamento quase unanimizado por todos os povos contemporâneos, é o de que políticos não prestam. Mas será que se você, por exemplo, tivesse nascido e vivido nos mesmos ambientes, com os mesmos pais, com o mesmo cérebro e aparência, de um político necessariamente corrupto, não teria tomado as mesmas atitudes deste político, idênticas, já que a sua vida teria se originado e se seguido da mesma maneira?
Ou que se péssimos políticos, como Sadam Hussein ou George Bush, tivessem nascido no corpo de Madre Teresa, não teriam sido, pelas circuntâncias da vida, uma pessoa benevolente e cristã, dizendo as mesmas palavras e vivendo da mesma forma que ela?



Apresento aqui o que concluo dos raciocínios supracitados: a humanidade nunca conseguiu e nunca conseguirá aplicar leis que punam ou beneficiem de maneira correta todos os indivíduos. Pois isto é impossível, uma vez que nascemos todos da mesma forma, e portanto somos todos iguais; as circunstâncias em nossas vidas são o que moldam nossas atitudes e pensamentos.


Sendo assim, é inegável que o sistema de leis e regras nada mais é que algo que tenta controlar uma sociedade, visando o seu benefício objetivo (que depende do tipo de sociedade). Acredito ser totalmente hipócrita a aplicação do termo "justiça" sobre o indivíduo. E é claro que um conjunto de leis e regras é extremamente necessário a qualquer tipo de sociedade, da familiar à governamental; porém, tenho como errôneo o pensamento de que as leis são capazes de moldar o homem; elas punem, quem molda é a sociedade em si.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sensorial

Cinco são os sentidos básicos dos seres humanos. São os clássicos:
- Tato, pelos terminais nervosos
- Olfato, pela pituitária
- Audição, pela cóclea
- Paladar, pelas papilas gustativas
- Visão, pela retina

Porém, reflitamos um pouco sobre a evolução, e as demais espécies.
As primeiras formas de vida não possuíam estes sentidos.
Na verdade, a maior parte da biodiversidade não possui exatamente estes sentidos.
A formiga, por exemplo, não possui audição, e nem sente dor. Em contrapartida, ela se comunica e possui seus sentimentos ligados à captação de feromônios - sensorial que nós, seres humanos, temos se não ausente, um tanto atrofiado. Apenas como curiosidade, este inseto também vê o tempo se acelerar, conforme cai a temperatura, e demorar a passar, conforme aumenta a temperatura. Isto ocorre devido ao fato dela não conseguir regular as temperaturas em seu organismo, e com a temperatura mais elevada, seu sangue se expande e a pressão faz com que circule muito mais rapidamente, fazendo "com que a vida passe mais rápida" diante de seus outros sentidos.
Isto prova o quão distantes somos de tantos outros seres, devido a vivermos "presos" em nossas próprias dimensões, e eles nas deles.


Sem mais firulas, peguemos como exemplo uma das mais impressionantes manifestações da evolução: o olho. Como toda evolução natural, o olho começou como uma anomalia. Certo dia, por um erro das duplicações genéticas, um verme nasceu com um órgão hipersensível à luz. Isto lhe deu uma capacidade de sobreviver muito melhor do que os seus semelhantes, pois possuía a capacidade de sentir a presença da luz, de modo a utilizar tal vantagem para escolher onde melhor se esconder, abrigar, etc. Assim, se reproduziu, e alguns de sua nova prole possuíam a mesma anomalia, se desenvolvendo melhor que os demais, e expandindo a espécie. Após milhões e milhões de anos, mais anomalias foram surgindo, paulatinamente, até que algum ser começou a ver alguma cor, depois outro começou a ver outra, sempre por meio de anomalias. O próprio olho humano é ainda incapaz de enxergar a maioria das cores (temos apenas sensores para luz azul, vermelha e verde).

E foi assim também que todos os outros sentidos dos animais se desenvolveram.

Quero aqui fazer uma analogia: é óbvio que não se pode imaginar um sentido que não se possui.
Por exemplo, uma pessoa que nasceu surda não tem a mínima noção do que é o barulho. E também não possui a capacidade de imaginá-lo. Isto porque seu cérebro não possui as experiências cognitivas da ação de ouvir.
Da mesma forma que um ser humano comum não é capaz sequer de imaginar o que é a cor ultravioleta - aquilo que mostram na TV as vezes como sendo "raios ultravioletas" na verdade são colocados como se fosse violeta. Se mostrassem raios ultravioletas de verdade, não conseguiríamos enxergar, naturalmente. Como nossa freqüência de visão atua entre o vermelho e o violeta, não podemos enxergar as cores Infravermelhas nem as Ultravioletas.
Agora, tente imaginar como é uma cor que você nunca viu. Vá em frente, tente.


Conseguiu? É impossível.


Partindo desta analogia, podemos ter em mente o seguinte: um sentido ainda não desenvolvido é inimaginável. Se a espécie humana não tivesse herdado os olhos da evolução, não teríamos a mínima idéia do que são cores. No máximo, as trataríamos como ondas de freqüência e energia, sem nenhuma particularidade.


Mas, ao mesmo tempo, como foi observado na história da evolução, vira e mexe aparece uma anomalia - um dom - em um ser vivo, que nenhum dos demais podem imaginar como é possuí-lo. Mas me pergunto: sendo provável este acontecimento, como nossa sociedade o distingüiria? Digamos que alguém possa sentir o mundo de uma forma a mais do que nós sentimos (não posso citar exemplos; como disse, a nós seria inimaginável qualquer uma destas formas). Que detenha um novo sentido. Será que tal pessoa saberia disto? Ou será que seria reprimida, de modo a acreditar que é mais uma pessoa comum?
Sendo que nossa sociedade obviamente se desenvolveu conforme nossos sentidos, como esta pessoa utilizaria este novo dom?
Difícil questionar o inimaginável.


Porém, há aqui um fato que não se exalta em livros escolares - exceto, talvez em alguns cursos superiores. Na verdade, o ser humano possui mais um sentido. É o sentido de equilíbrio, ou propriocepção. Sem ele, não teríamos noção do espaço e não conseguiríamos ficar em pé; é um sentido primário de quase todo ser vivo, assim como o tato.


Mas o que mais me intrigou e motivou a escrever este post, foi um pensamento que tive ao analisar a diferença do ser humano para os outros seres. Sempre considerei que temos muitos sentimentos e pensamentos da mesma forma que muitos outros animais. Mas também não me convenci de que somos totalmente iguais aos demais mamíferos. Afinal, como disse Sartre, o que nos difere dos outros animais, primeiramente, é que somos os únicos cuja existência em si não fornece nenhum sentido pré-determinado. "O homem é aquilo que faz de si mesmo", adoro esta frase.


Então, pensando um pouco mais, acredito que tenhamos uma noção a mais, um sentido se assim podemos chamá-la, que aqui determino: o de autoexistência. Pois somos, acredito, os únicos animais capazes de perceber o fato de que existimos, e nos questionar sobre isto. Um cão, um golfinho, uma ameba, não posso dizer com certeza mas, acho eu - e se não o for, que seja, deixe outro animal possuir o mesmo sentido que nós - não param para se perguntar o porquê fazer aquilo, do porquê existir. Mas nós podemos compreender o fato de estarmos aqui, vivos, e de jogar com isto - o que alguns chamam de filosofar. Eis aí o sentido que para mim é dominante na evolução da espécie humana.