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Este blog foi criado com o intuito de divulgar ideias e expandir limites.

domingo, 10 de abril de 2011

O Fator Humano

Em que o ser humano se difere dos demais seres vivos baseados em carbono?

Desde o início da era histórica, nós temos pensado que somos algo mais que os animais e vegetais.
E que chocante não foi, quando Darwin (ou não) revelou que somos apenas a evolução do macaco!

Sobre os vegetais, a questão se resolve de maneira fácil, uma vez que somos realmente diferentes.
Apesar de que é um erro pensar em tais formas de vida como "paradas". Quem lida com plantas, sabe que na verdade elas se movimentam a vida toda, para todas as direções, de forma estratégica e inteligente; mas num ritmo tão lento em comparação ao nosso, que leva horas para a movimentação de alguns centímetros, o que nos faz pensar que elas estão lá, "paradas".
Assistam uma figueira atacando uma outra árvore ou objeto, em sequência de fotos, que irão perceber.
Ou mesmo a estes vídeos: Movimentação em 56 horas / Movimentação em 6,5 horas
Pensem que, há milhões de anos, quando haviam apenas vegetais, estes eram os seres mais rápidos da terra.

Mas algumas pessoas chegam a pensar que os animais não têm raciocínio, e isto os faz diferentes de nós.
Bom, refutar isto não dá muito trabalho. Quando um cão sobe numa cadeira para lhe roubar comida, ele não teve que bolar um raciocínio?
Quando hienas se unem para caçar, isto não é uma estratégia? Assim como os peixes formam cardumes?
E as mariposas brancas, que buscam árvores brancas para se camuflar?

Há também a ideia de que só os humanos conseguem planejar as coisas.
Que absurdo! Para quê, então, formigas juntam alimento para poderem comer em épocas chuvosas?
Para quê as aranhas constroem teias, e os pássaros ninhos?
Para quê muitos animais alimentam seus filhotes?

Muitos pensam que animais pensam apenas na própria sobrevivência.
Errado novamente. Quem nunca viu uma matilha brincar de "pique"?
Há também os golfinhos, que literalmente brincam com círculos de ar criados por si mesmos.
E para que fazem isto? Certeza que não é apenas para sobrevivência.

Animais não podem amar, é no que muitos acreditam.
Ora, e aquela festa toda que os cachorros domésticos fazem quando chegamos?
E o que dizer da mãe que cuida de seu filhote?
"É instinto", muitos dizem. Então assistam isto.

Agora, a teoria mais aceita por muitos, é a de que humanos são os únicos seres capazes de filosofar.
Rejeito esta hipótese. Impossível prová-la.
Como saber se um pequeno peixe de aquário, ou uma vaca num matadouro, ou um pássaro, ou uma lagartixa, não têm a capacidade de se perguntar "o que estou fazendo neste mundo?"?
Por qual razão deveríamos acreditar que outros animais não filosofam?

Tive uma nova ideia do que o ser humano se difere de todos os outros animais.
Nós somos os únicos que acreditamos que somos destinados a algo maior do que sermos animais.
Por este motivo, buscamos fazer coisas diferentes do que o animal humano faria.
Buscamos deuses, conhecer as estrelas, construir coisas que ajudam a construir coisas, criamos patrimônios, e equipes organizadas.
Já vi um golfinho brincando, mas nunca vi um criando regras de um jogo chamado "golfinhoball".
Eis a grande diferença, entre o homem e o macaco.

O grande problema, é que a maioria de nós acaba não conseguindo responder a esta pergunta:
"A que somos destinados?"
Por este motivo, muitos acabam caindo no conto da sociedade contemporânea: o objetivo é chegar a deus, o objetivo é ter mais dinheiro, o objetivo é fazer o bem, etc etc etc
Mas será que aquilo que acreditamos, que nos faz ser diferente dos animais, é, afinal, verdade?
Até quando destruiremos o planeta por acharmos que somos alguma coisa?

Mais uma vez, uso Sartre: "O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo."

sábado, 2 de abril de 2011

Indução da Virtude / Dedução do Vício

Esse post é dedicado à Luh, pois a ideia me veio à cabeça numa conversa não programada num banco perdido, como o são as melhores.

Muitas vezes, criticamos as pessoas devido aos seus defeitos. É normal, quando vimos uma atitude de extrema ignorância de outra pessoa, ficarmos indignados, revoltados, e por vezes irritadiços com a própria pessoa que cometeu o erro, como uma forma de puni-la.
Mas, olhando numa minuciosa visão de 360 graus, de que isto realmente adianta?
A primeira ideia que vem na cabeça de muitos nós diante do erro de outrém, conscientemente ou não, é a questão da punição.
Aos que realmente acreditam que a punição pelos atos imorais pode demonstrar à pessoa que é errado cometê-los, vamos refletir um pouco mais acerca deste assunto:


Digamos que uma pessoa seja injusta, egoísta, etc.. O que normalmente a sociedade faz com uma pessoas desta (por métodos mais ou menos radicais) é tentar puni-la, para que ela entenda que cometer tais atitudes implica num mal-estar social e que a sociedade lhe cobrará um preço.
Esta é mais ou menos a lógica que estou aqui disposto a demonstrar o quanto é ineficiente.

Quando uma pessoa é imoral, ela o é por acreditar que pode levar a vida deste jeito.
Deste modo, com maior ou menor intensidade, tal noção de que ela pode praticar injustiças e imoralidades estará presente em todos os âmbitos de sua vida: entre amigos, no trabalho, com a família, em sua relação com o meio em que vive, etc, claro que em maior ou menor intensidade conforme o ambiente.
Quando alguém chega nesta pessoa, para conversar, para tentar esclarecer que o que ela faz é errado, o foco estará sendo totalmente dado na parcela de sua vida no qual tal imoralidade é mais transparecida.
Por exemplo, se a pessoa só é injusta com os amigos, mas consegue controlar razoavelmente isto no ambiente de trabalho, familiar e outros, apesar de dar algumas mancadas menores. Então, seu amigo irá tentar persuadi-la a deixar de ser assim, mas apenas entre suas amizades.
Digamos agora que este amigo foi bem-sucedido, e o malfeitor realmente se convenceu, e quer mudar. E daquele dia em diante, ele realmente começa a tratar com ética todos os seus amigos.
O problema, é que como a sua própria crença ainda lhe condiz que ela pode ser imoral na vida, ela terá sua potencialidade em sê-lo nos demais ambientes. Ou seja, ela conseguiu apagar a ideia de que pode ser imoral nas amizades, mas não apagou a ideia de que pode ser imoral no trabalho, pois continua a imaginar a sua vida como uma possibilidade imoral.
Algum tempo depois, como um vírus que se propaga do ambiente de trabalho para as amizades, ela volta a pensar que, como ela pode ser imoral na vida, não haverá problemas em ser imoral com os amigos, e torna a fazê-lo.

A principal conclusão que pude tirar disto é que é completamente ineficaz tentarmos induzir a noção de que uma determinada pessoa erra por vício, à ela mesma.
O único modo da pessoa deixar de cometer os vicios, é por dedução própria, ou seja: ela mesma se conscientizar de que não quer mais este vício, e começar a, minuciosamente, limpar seu vício de todos os ambientes de sua vida.
E, após isto, fazer um verdadeiro policiamento (coisa que, na verdade, todas as pessoas, mesmo as mais éticas, precisam) para que a "sementinha do mal" não volte a assombrá-la em nenhum ambiente.
Isto é o tratamento pleno para curar a injustiça, o egoísmo, e a imoralidade, mas, infelizmente, só o próprio "doente" pode ser seu médico neste caso.

Daí já podemos tirar algo valioso: todos nós temos defeitos. E para extingüi-los, não adianta esperar que algo externo aconteça, ou que alguém venha lhe socorrer: só nós mesmos temos este poder.

Mas pelo mesmo raciocínio, se por um lado não podemos fazer as pessoas deixarem de ser piores, nós conseguimos sim ajudá-las a serem melhores.

Pois pensemos nas virtudes de uma pessoa: se nós, em uma conversa, chegarmos e dissermos "cara tu é mesmo muito honesto no seu trabalho, por isto que eu gosto de ser teu amigo", isto irá incentivá-la a ser mais honesto ainda, pelo mesmo princípio da punição-recompensa.
Como tal estilo de vida não pode ser suprimido pela imoralidade, uma vez que a pessoa toma suas atitudes morais por acreditar que possa levar uma vida moral, os incentivos recebidos à uma vida honesta no trabalho irá fazer com que tal moralidade se propague aos outros ambientes (amizade, família, etc), buscando a mesma recompensa.
Assim, ao contrário dos vícios, realmente faz efeito induzirmos uma pessoa à trabalhar suas virtudes.


A grande conclusão que quero extrair disto tudo, é que não vale a pena (pela lógica desenvolvida) tratarmos mal alguém pelo simples fato dela não ser uma boa pessoa.
O fato dela não ser uma boa pessoa deve impactar sim, no âmbito racional de nossa personalidade (kama-manas), a não termos o desejo em conviver com ela.
Porém, isto não deve ser levado para o nosso lado sentimental, uma vez que não adiantaria destratá-la, gerando apenas mais intrigas e mal-estares entre as duas pessoas.

Então, por mais que a pessoa tenha dado mancada contigo, tenha sido completamente imoral, seja astuto: não permita que ela te magoe novamente.
Mas também seja melhor do que ela: trate-a com um sentimento verdadeiro e nobre que você despendiria a seus melhores amigos, mesmo sabendo que ela pode não merecer.
Assim, você não irá conseguir fazer com que a pessoa melhore seus defeitos, mas ao menos fará com que ela melhore em suas qualidades.

E eu vou terminar este post, com um pensamento muito sábio, da própria Luh, que publicou no seu orkut conforme abaixo:

"Nossa permanência neste mundo é como uma fila indiana, levamos 2 placas penduradas, a da frente mostra nossas virtudes e a de trás nossos defeitos.
Não olhemos a do nosso companheiro da frente pois corremos o risco de estarem fazendo o mesmo conosco.
Não devemos desperdiçar nosso tempo com coisas inúteis.
O tempo passa depressa demais, é preciso entender esta questão, quanto mais cedo melhor."
 - Luciene Sousa Silva