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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Das entidades imperceptíveis

Pode uma planta ter consciência dos animais? Ou ela passa a vida inteira sem saber que existe um mundo exterior a ela, com animais, outras plantas, rochas, etc?
Recentemente, uma pesquisa científica descobriu algo surpreendente: algumas espécies de plantas conseguem se comunicar com outras plantas, por meio de uma rede de raízes que se tocam. Mas ainda assim, se pararmos para pensar, uma planta tem pouca consciência de seu mundo, perigos eminentes e mudanças de ambiente: sua consciência vem tão somente do sentir as reações de suas células, ao ambiente.
Por exemplo, imagine que um broto de feijão foi, certa vez, pisoteado, mas ainda assim sobreviveu. Para ele, o que ocorreu foi apenas um evento aleatório que lhe prejudicou, sem nem mesmo ter ciência de sua própria existência física, nem de seus ramos terem entortado. Simplesmente estava tudo bem quando, inexplicavelmente, algo ruim lhe aconteceu.
Um vegetal não consegue tentar dar sentido causa-efeito às situações que lhe ocorrem (a busca incessante de padrões causa-efeito, até hoje, foi encontrada apenas na raça humana). Se o fizesse, poderia rapidamente imaginar que, por exemplo, a sensação do pisoteamento é mais recorrente em dias que se absorve mais água (pois choveu), ou mesmo incoerentemente ligar a causa como alguma de suas atitudes – ter se virado pouco para a luz, por exemplo – para dar sentido aos acontecimentos (tais quais algumas crenças e religiões nossas o fazem).

Após esta introdução, vamos a uma analogia: se um ser vivo, como a planta, está vivendo a vida toda tendo apenas consciência de uma ínfima parte do que existe ao redor dela, e se a cada vez que descobrimos algo sobre o que achávamos enorme em nosso cosmo, descobrimos que tal "enorme" é apenas uma parte semi-infinitamente pequena de algo ainda maior, por qual motivo nós, humanos, não podemos também estar vivendo em uma realidade que é a ínfima parte de uma realidade ainda maior (assim como a planta inserida em nossa realidade)? E que algumas coisas que subitamente nos ocorrem sem explicação científica (angústia, cânceres, sensações, palpites, surgimento de idéias, e alguns fenômenos observáveis julgados como “sobrenaturais”) possam ser originadas nesta realidade a que não temos acesso em intervir, mas que constantemente intervenciona em nossas vidas?

Ousando um pouco e indo para um lado mais “místico”, quem sabe nossos denominados deuses, anjos da guarda, espíritos, elementais, sejam entidades reais, para nós ultrapoderosas pelo fato de controlarem totalmente a realidade que estamos inseridos (exatamente do modo como podemos fazer com as plantas), que habitam uma realidade “acima” da nossa?
Quem sabe Platão, ao falar do mundo das idéias, não falava de um vislumbre desta outra realidade inacessível? E que, nesta outra realidade, não passamos de meras plantinhas, inertes em relação ao modo com que os seres por lá se movem, sentem e vivem? Estaríamos então, nesta outra realidade, em um estado a que chamaríamos por aqui de “vegetativo”, ou seja, sem podermos influenciar nada, sem termos consciência de quase nada, ainda que influenciados diretamente por seus elementos.
E que alguns (alguns) de nossos místicos e clérigos, que sempre julgamos como loucos, não estejam errados em buscar causas sobrenaturais naquilo que a ciência não explica. E por isso tais explicações, inexplicavelmente, funcionam.

Daí, provavelmente, concebemos a ideia de “sobrenaturalidade”, e cunhamos tal palavra: para descrever as coisas que existem além da realidade que conscientizamos, além do nosso natural, em uma realidade que é inacessível – a nós.

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